domingo, 25 de agosto de 2013

Juniperus procumbens reestlizado

Esta árvore estava em um canto das minhas bancadas, esperando uma intervenção desde que chegou a minha coleção. Estava um pouco abandonada antes de chegar a mim, assim deixei algum tempo em tratamento e adaptação. Na verdade eu não gostava muito do estilo escolhido pelo antigo proprietário, mas também não sabia ao certo o que fazer.


A árvore estava com diversas agulhas e galhos secos. O conjunto de galhos estava equivocado, assim como o vaso escolhido, o estilo não explorava o potencial da árvore.

Assim, num belo sábado, peguei a árvore e rumei para a loja O Bonsai, nos costumeiros workshops de final de semana. Eu já tinha uma ideia de qual estilo seguir, mas receber a orientação do experiente Edson e dos demais bonsaístas é sempre bom para dar aquela segurança na hora de cortar um galho...

A árvore tinha um estilo próximo do semi-cascata ideciso e os galhos formavam um emaranhado que mais lembrava um arbusto. As raízes tinham aparência e força para  para mudar para o estilo cascata, assim como havia estrutura de de tronco e e galhos para isso.

Assim, após as orientações, podas, limpeza de agulhas e aramação, num total de 16 horas de trabalho, o resultado é o seguinte.

 Frente
Lateral direita

Gosto muito de ver as fotos do bonsai, pois algumas vezes, com calma, e depois de algum tempo consegue-se ver detalhes, defeitos e melhorias não percebidos antes. Pela foto da frente acho que o galho ápice precisa ser um pouco mais compactado e tambem reposicionado um pouco mais cima e a para direita. Pela foto da lateral dá para ver que o ápice precisa ir um pouco mais para trás, para alinhar com o tronco. Alguns galhos preciso trabalhar melhor o movimento, para compactar um pouco mais. Talvez aquele galho que sai no lado esquerdo, logo acima do jin, talvez tenha que ser removido, o que acham?

Teste digital da remoção o galho


O importante nesta etapa é acertar o posicionamento do tronco e dos galhos, depois é só adubar e aguardar que os patamares encham de novas brotações para melhorar a ramificação. Depois de remover os arames do tronco preciso projetar onde colocar um bom shari para completar a árvore. Acho que em dois ou três anos já vai estar pronta para a primeira exposição.

Para o vaso imagino um vaso orgânico grande, de uns 30 cm de diâmetro. Talvez estes vasos de um bonsaísta eslovaco (http://www.atelierbonsai-element.com/en/), feito em cimento.

Este?
Ou este?
Talvez este?



domingo, 11 de agosto de 2013

Tranplante

Ainda estamos no inverno, mas já aguardo o fim desta estação gelada (ao menos aqui na região metropolitana de Curitiba) para o início dos trabalhos da primavera e em todas as plantas que preciso transplantar. Neste meio tempo resolvi revisar meus conhecimentos sobre transplante, para ir além do óbvio.

Este post é baseado em grande parte na matéria do Graham Potter no seu site Kaizen Bonsai (http://www.kaizenbonsai.com/shop/repotting_guide.php) com algumas adequações ao que julgo adequado à nossa realidade e disponibilidades. Também foram utilizados diversos posts no fórum do atelier do bonsai (http://www.atelierdobonsai.com.br/forum/http://www.atelierdobonsai.com.br/forum/viewtopic.php?t=22285&sid=21c59b0dcb4af2caf7db1697db8c3639), assim como imagens do blog do Capital Bonsai (http://capitalbonsai.wordpress.com/2012/03/14/repotting-a-kokufu-kaede/), que tem matérias sobre a coleção de bonsais do National Bonsai & Penjing Museum em Washington DC (http://www.bonsai-nbf.org/) e do site Bonsai Tonight (http://bonsaitonight.com/2009/12/08/repotting-a-trident-maple-removing-the-tree-from-the-pot/).


Por que transplantar?

O bonsai é uma árvore como qualquer outra, mas cultivada em um pequeno pote/vaso. Como qualquer árvore (em geral) continua a crescer: folhas, galhos, tronco e raízes estão em continuo desenvolvevimento. Assim à medida que o tempo vai passando vai continuar crescendo até o  momento em que o vaso vai ficar lotado de raízes e sem espaço para que continue a crescer.

Em um raciocínio simples poderia se imaginar que para que o bonsai isto até seria bom para manter o seu tamanho diminuto, pois não teria mais como a planta crescer. Mas não funciona assim. Manter a planta mesta situação a debilitaria gradualmente até a morte. A planta precisa continuar a crescer, é inevitável, e vamos adequando o seu tamanho através de podas.

As raízes capilares, que ficam nas pontas do conjunto de raízes, são as grandes responsáveis pela captação de água e nutrientes do solo. Elas estão constantemente em renovação, pois a medida que estas raízes vão envelhecendo e engrossando acabam lignificando e perdendo a função de captação para a de sustentação. Sem espaço no vaso esta renovação fica prejudicada e a planta passa ter dificuldades de absorção de água e nutrientes para a sua sobrevivência. O crescimento das raízes também reduz os espaços dentro do substrato, reduzindo a entrada e presença de oxigênio.

Com baixa absorção de nutrientes, água e oxigênio a planta terá dificuldades para metabolizar os nutrientes necessários ao seu constante desenvolvimento e manutenção, estagnando seu crescimento e até chegando a morrer.

Em outro raciocínio simples seria adequado então transplantar para um vaso maior para que as raízes possam continuar a crescer, mas não seria o correto. Bonsai é o conjunto planta e vaso, utilizar vasos maiores retiraria a proporção deste conjunto.


O que é transplantar?

Transplantar é a ação de retirar a planta do vaso, podar as raízes e trocar o substrato velho. O transplante é um processo de readequar a planta ao mesmo vaso (ou semelhante).

O processo de poda das raízes consiste em reduzir o volume das longas raízes já lignificadas para permitir que a planta possa reiniciar o processo de constante crescimento das raízes, com uma nova cadeia de aborção de água, nutrientes e oxigênio. Com este processo permite-se a manutenção da saúde da planta, permitindo o crescimento e renovação da planta.

A troca do substrato antigo pelo novo tem a função de renovação do solo permitindo à planta voltar a crescer suas raízes. O solo com o tempo fica compactado pelas constantes regas e crescimento das raízes e também tende a acidificar devido à adubação. Nada como um novo solo fresco para o despertar da primavera.

Quando transplantar?

A resposta é simples: sempre que o solo se tornar duro e compacto. Para saber quando isto ocorrer requer um pouco de prática e muita observação e a sua ocorrência depende de vários fatores. O solo se tornará mais rapidamente compacto em pequenos vasos, com espécies de crescimento rápido, se o substrato tiver mais material orgânico e/ou compactável. Quando compactado a água terá dificuldades para penetrar o solo, as raízes começaram a aparecer nos buracos de drenagem no fundo do vaso, a planta diminuirá seu ritmo de crescimento. A observação é mais importante que o calendário. Os indícios possíveis abaixo já são sintomas de que já deveria ter sido feito o transplante:

- Taxa de crescimento menor em relação a anos anteriores.
- Dificuldade de umedecer o solo
- Redução da absorção de água no verão
- Redução rápida do tamanho das folhas
- Queda das folhas muito no inicio do outono
- Amarelamento das folhas
- Redução do brilho das folhas
- Morte dos galhos finos no inverno
- Formação de algas e líquens na superfície do solo
- As raízes começam a "subir" no pote
- Redução do tempo de vida das folhas, descolorando e caindo após algumas semanas no verão 

No entanto, não se deve aguardar estes sintomas para fazer o transplante e os observando é recomendado o transplante imediato.

Não existe um período padrão para o transplante, pois depende das características da árvore e do vaso. Árvores de crescimento rápido, como ulmus, ficus e ligustro, se plantadas em pequenos vasos vão precisar de transplantes anuais, enquanto pinheiros e juníperos mais velhos podem ficar bem mais tempo sem transplantar. Eu uso como regra geral para a maioria das minhas árvores o período máximo de dois anos, sempre observando se o prazo pode ser dilatado ou deve ser reduzido.

Em que época devo transplantar?

A regra geral aplicável a grande maioria das plantas é o início da primavera. Mas veja, não é a primavera do calendário, 23 de setembro, e sim a "primavera das plantas". Ou seja, quando a vida retorna às plantas. Quando as plantas voltam a soltar o brotos, quando ainda tenros começam a desabrochar. O transplante muito cedo pode prejudicar a taxa de crescimento e aumentar o tempo de recuperação da planta. Porém esta é uma realidade para regiões do Brasil que possuem estações do ano bem definidas, como parte do sudeste e região sul.

A exceção a esta regra são as espécies tropicais como a fícus, que devem ser transplantada no alto verão. Já vi citações que a primavera (bougainvillea)  também deve ser transplantada nesta época, mas é uma espécie que não tenho experiência. Já com relação ao pinheiros negro e vermelho, que são as espécies de pínus cultivadas no Brasil, a recomendação é ao final do inverno, pouco antes da primavera.

Outras exceções possíveis são as plantas frutíferas, que podem ser transplantadas no outono, após a frutificação, porém com cuidados redobrados. As plantas que produzem flores podem ser transplantas após a florescência, assim que as primeiras flores começarem a definhar, removendo então todas a flores abertas ou ainda que estejam para abrir.

Após o transplante eu mantenho as árvores por uns 30 dias na estufa à meia-sombra para garantir que não peguem nenhuma friagem fora de época e para garantir uma recuperação melhor, mas é uma condição para a região sul, que tem períodos de frio ainda me setembro. As coníferas ficam em uma área da estufa que pegam sol em uma parte do dia. Já os pinheiros, conforme orientação do mestre Hidaka, devem ir a pleno sol após o transplante, mas protegendo do frio da noite

Na verdade com experiência e cuidados posteriores, em casos emergenciais quase qualquer planta pode ser transplanta em qualquer época do ano.


Substrato - um tópico à parte.

A questão do solo a ser utilizado no vaso envolve muita discussão e honestamente, não vou me aprofundar, uma vez que sempre dá muito pano para manga. Eu vou colocar o que penso, o que aprendi e o que eu uso.
Uma vez escutei uma frase na loja O Bonsai (http://www.obonsai.com.br) que é a mais pura verdade: "O substrato não pode ser bom apenas para a planta, mas para você também", ou seja, não pode se usar um substrato 100% inorgânico se você não tem experiência em cuidados e adubação e nem tempo para fazer duas ou três regas por dia.  Com o tempo e com a experiência encontra-se o substrato que vai bem para as plantas e para você.

O substrato preferencialmente precisa ter:

- boa aeração para que o oxigênio possa penetrar e as raízes possas crescer
- boa drenagem e ao mesmo tempo reter umidade
- ter baixa compactação com o passar do tempo e com as regas
- ter dimensões entre 2 e 5 mm

Os materiais mais utilizados e disponíveis aqui no Brasil:

Inorgânicos
- Caqueira (tijolo/telha moido)
- Areia grossa de rio
- Pedrisco
- Argila expandida
- Akadama
- Akadama Nacional (Qualytá Bonsai Substrat)

Orgânicos
- Terra de cupinzeiro
- Terra
- Condicionador de solo
- Carvão
- Casca de Pínus
- Esfagno
- Turfa
- etc.

A fórmula que eu uso é aproximadamente o seguinte

Coníferas
30% Pedrisco
10% Areia grossa de rio
30% Caqueira
20% Terra granulada (de barranco ou buraco)
10% Terra de cupinzeiro
um tanto de Carvão (2%)

Azaleia
20% Pedrisco
20% Caqueira
30% Turfa ou condicionador de solo
30% Casca de Pinus

Demais
20% Pedrisco
10% Areia grossa de rio
30% Caqueira
20% Terra granulada (de barranco ou buraco)
20% Terra de cupinzeiro

Como transplantar?

Antes de iniciar o transplante os recomenda-se:
- Não haver regado a planta no dia e/ou no dia anterior regar com pouca água, pois trabalhar com o solo seco é muito melhor que trabalhar com barro;
- Tenha em mãos o substrato já preparado e em quantidade necessária para o transplante. (figura 2)
- Tenha em mãos a tela para cobrir os buracos de drenagem e arame de alumínio para amarrar a planta ao vaso.
- Tenha em mãos as seguintes ferramentas necessárias: alicate, alicate de corte, uma tesoura afiada, hashi (palitinhos para comida asiática, chopsticks) ou equivalente. Ferramentas desejáveis: um pequeno rastelo, um gancho (figura 2).

Figura 1 - Substrato já preparado (http://capitalbonsai.wordpress.com)


Figura 2 - ferramentas necessárias e desejáveis (http://capitalbonsai.wordpress.com)


É recomendado que o processo de transplante seja feito em ambiente fechado, à sombra e sem vento, pois as raízes são um tanto quanto sensíveis.

O processo de transplante segue os seguintes passos:

1) Retirar a árvore do vaso

Começar cortando os arames que prendem a árvore ao vaso.
Figura 3 - Cortar os arames de ancoragem (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Então com uma faca ou uma ferramenta específica passar ao redor de todo o vaso "descolando" o substrato. Isso é necessário para retirar toda o "bola de raízes" de uma vez só.

Figura 4 - "Descolando" a árvore do vaso (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Então retirar a árvore do vaso, segurando-a pela base e puxando-a para cima. Nunca use nenhuma ferramenta como alavanca na borda do vaso, devido ao risco de quebra do mesmo.

Figura 5 - Retirando a árvore do vaso (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Após retirar

2) Preparando o vaso

Se for utilizar o mesmo vaso o ideal é limpar e lavar somente com água corrente, principalmente os resíduos de solo. Se o transplante for para um novo vaso, execute as etapas seguintes antes de retirar a árvore do vaso velho.

Figura 6 - Limpando e lavando o vaso (http://bonsaitonight.com/)

Então é necessário prender as telas nos buracos de drenagem e preparar os arames para a ancoragem da planta no vaso.

Figura 7 - Cortando o arame no tamanho certo (http://bonsaitonight.com/)


Figura 8 - Fazendo a dobra (http://bonsaitonight.com/)

Figura 9 - Dobra completa (http://bonsaitonight.com/)

Figura 10 - Telas presas ao vaso (http://bonsaitonight.com/)

Figura 11 - Arames de ancoragem (http://bonsaitonight.com/)

3) Podando as raízes

Com o tempo as raízes formam uma bola e ocupam (quase) todo o espaço do vaso.
Figura 12 - A massa de raízes (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Então com o rastelo ou com o gancho puxe toda estas raízes do fundo e das laterias e com um tesoura afiada pode-as. Neste momento vem uma questão delicada: quanto podar? A resposta é simples: o quanto você se sentir confortável para podar. Esta é uma questão de experiência, só o tempo vai dar segurança no momento e na quantidade a ser podada. Se se sentir inseguro, limite-se a uma poda de 20% ou 30% e com o tempo vá aprendendo e descobrindo o quanto cada espécie tolera. Busque sempre podar as laterais e fundo e eliminar a maior parte do solo compactado.

Figura 13 - Podando a massa de raízes (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Também se faz necessário cortar as raízes mais grossas e lignificadas, pois a sua função é sustentação e não absorção de nutrientes, ocupando assim espaço desnecessário no vaso.
Figura 14 - Podando as raízes grossas (http://capitalbonsai.wordpress.com)

O Velho substrato compactado pode aos poucos ser retirado em cada transplante até ser eliminado por completo. Caso a massa esteja muito compactada, pode ser prático usar um jato de água, eu não costumo usar, a não ser em casos de árvores que vêm de viveiros comerciais que costuma usar argila. 
Figura 15 - retirando o velho substrato compactado. (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Figura 16 - velho substrato retirado e raízes mais grossas podadas. (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Após fazer a poda no fundo faz-se o mesmo procedimento nas laterais e parte superior do substrato
Figura 17 - podando as laterais da bola de raízes. (http://capitalbonsai.wordpress.com)

A parte superior do substrato requer uma atenção especial, retirando-se as ervas daninhas, o substrato velho e também ordenar as raízes superiores para manterem um sentido radial, sempre se distanciando do tronco. 
Figura 18 - Usando pinça para limpar e ordenar as raízes superiores. (http://bonsaitonight.com/)
Figura 19 - Raiz emergindo da bola de raízes e cruzando o neabari. (http://capitalbonsai.wordpress.com)
Figura 20 - Raiz podada . (http://capitalbonsai.wordpress.com)

Um exemplo de antes e depois da poda de raízes:
Figura 21 - Antes e depois da poda das raízes. (http://bonsaitonight.com/)

4) Transplantando

A penúltima etapa do processo é a de colocar a árvore no vaso e no novo substrato.
Inicia-se colocando uma camada de substrato no fundo do vaso. Alguns utilizam uma camada mais grossa de pedrisco no fundo, para auxiliar na drenagem, eu pessoalmente não uso porque aprendi que não era necessário e ninguém nunca me provou o contrário, além de que como vaso é em geral pequeno, acho que perde-se um volume importante do substrato.

Figura 22 - Colocando substrato no fundo do vaso. (http://bonsaitonight.com/)

Após isso vem uma das etapas mais importantes, que é colocar a árvore no vaso. Neste momento é preciso prestar atenção tanto no posicionamento vertical quanto horizontal. No posicionamento horizontal o topo do solo da árvore deve estar alinhado com a borda do vaso. A dica é que o substrato colocado no passo anterior esteja em volume e altura suficiente que ao colocar a árvore ele esteja mais alta que a borda do vaso e então, delicadamente, com movimentos horizontais, ir espalhando o substrato para as laterais e baixando a altura da árvore até o desejado. Já com relação ao posicionamento vertical, bem, aí é uma outra estória, que envolve conceitos, digamos, estéticos e fica para um outro post.

Figura 23 - Árvore posicionada. (http://bonsaitonight.com/)

Com a árvore posicionada, a próxima etapa é amarrar a árvore ao vaso. Isto é uma etapa importante, pois a árvore precisa estar firmemente fixada para que não se mova com o vento, chuva, rega ou movimentação manual, pois as novas raízes que sairão - as quais são delicadas - podem se romper com facilidade.

Existem várias maneiras de passar o arame e amarrar e em outro post eu detalho, mas o importante é que o arame não fique a mostra, pois é esteticamente inadequado, ou melhor, é porque fica feio! Importante é sempre puxar o arame e então torcer, para que fique bem esticado e a árvore bem presa.

Figura 24 - Puxando e torcendo o arame. (http://bonsaitonight.com/)
Figura 25 - Árvore amarrada. (http://bonsaitonight.com/)

Agora é preciso completar o vaso com o substrato. Pegar um tanto de substrato e preencher os espaços vazios.
Figura 26 - Completando com substrato. (http://bonsaitonight.com/)

O importante no completar com o substrato é que não fique nenhum bolsão de ar sobre a árvore, todo o espaço deve ser preenchido apenas com o solo, para que fique firme. Para isso utiliza-se o hashi, para socar e empurrar o substrato para todos os espaços.
Figura 26 - Ajeitando o substrato com os palitos. (http://bonsaitonight.com/)

Para que todos os espaços seja ocupados pelo solo, pode ser interessante dar pequenos "socos" delicados nas laterais do vaso. Caso o substrato venha a baixar com intensidade é sinal de que não foi suficiente o trabalho com o hashi.

Figura 27 - Dando pequenos socos nas laterais. (http://bonsaitonight.com/)

Com o vaso preenchido é ideal nivelar o solo, uma boa ferramenta é usar uma vassourinha.

Figura 28 - Nivelando o solo. (http://bonsaitonight.com/)

Por último é fazer uma pequena e delicada pressão sobre o substrato, para que ele não seja levado na primeira rega. Pode ser feita com ferramenta ou com a mão (eu faço com a mão).

Figura 29 - compactando com ferramenta. (http://bonsaitonight.com/)
Figura 30 - compactando com a mão. (http://bonsaitonight.com/)

Isto concluído a árvore está transplantada, mas uma última etapa é importante.

5) Regando

Todo o conjunto deve ser regado abundantemente até que a água saia limpa pelo fundo do vaso, indicando que todas partículas mais leves e finas sejam levadas. importante regar com cuidado para não levar o substrato. Caso o subtrato venha abaixar depois da rega, completar para manter no nível do vaso.

Figura 31 - Regando com abundância . (http://capitalbonsai.wordpress.com)

 Cuidados após transplante

O processo de transplante, conforme acompanhado acima, retira boa parte das raízes responsáveis pela absorção de água e nutrientes, assim, após o transplante alguns cuidados são necessários para garantir a saúde geral da planta. Se transplantada no tempo correto, os cuidados são mais simples, enquanto que em época diversa é necessário um acompanhamento mais atencioso.

Após o transplante o ideal é evitar colocar a planta diretamente em sol forte, pois a planta pode perder muita água com a transpiração através das folhas e pouca ou nenhuma captação pelas raízes. A mesma recomendação é para um local com ventos constantes. O ideal é deixar em um local com temperaturas amenas e semi-sombreado e longe do vento. Aqui no sul o início da primavera tem noites ainda frias, assim o ideal e mantê-las em uma estufa. Eu mantenho por aproximadamente 30 dias na estufa, pois mantém a umidade, protege do vento e o local fica parcialmente ensolarado. Conífera sempre devem pegar sol em parte do dia. De qualquer forma evite deixá-la apenas na sombra, a árvore precisa receber um pouco de sol e/ou luminosidade, pois precisa da fotossíntese para divisão celular, necessária para a recuperação das raízes.

Como há pouca absorção de água, as regas somente devem ser feitas quando o substrato estiver seco. Excesso de umidade pode provocar apodrecimento das raízes e surgimento de fungos. Também não julgo necessário borrifar as folhas, pois isso também pode provocar o surgimento de fungos, uma vez que a planta vai estar estressada devido ao transplante.

Alguns dizem ser necessário fazer uma poda ou desfolha parcial, para reduzir a transpiração de água, mas não o faço, pois acredito que uma planta sadia e protegida após o transplante vai perder pouca água e perderá as folhas que julgar necessária para a sua proteção e própria preservação.

A adubação só pode ser aplicada quando a planta estiver em plena atividade e crescimento, pois é preciso de raízes para que a planta possa se alimentar. A adubação precoce pode inclusive queimar as novas, finas e delicadas raízes. Eu costumo adubar apenas 30 a 45 dias após o transplante.